2 de dezembro de 2010

Estive vadiando por ai nos últimos tempos, na universidade principalmente, mas estou de volta;

Agora escreverei com maior frequência, assim espero. Apesar de ficar entediado para escrever, pois estou duro, sem grana para manter a net em casa, o que me dava conforto e relativa criatividade.

No momento, só escrevi um conto, enquanto assistia um seminário...
Breve, postarei algumas coisas novas.

Abraços e obrigado aos que têm frequentado o blog
mesmo sem nada de novo para ler.

Hippie em movimento.

O crepúsculo caia e o sol em amarelo avermelhado cortava em feixes de luz as longas folhas elípticas das árvores, formando um luminoso túnel no Parque da Cascata, no ínfimo distrito de Quaquaqua Nhenhenhem.

Eu, como espectador do espetáculo natural, apreciava tudo serenamente; enquanto uma fresca brisa me acometia decidi - com muita dificuldade - caminhar e entrar em contato com os transeuntes além do parque.

Enquanto caminhava pelo túnel de Ipês e Paus Brasis, o sol sutilmente cobria minhas costas esticando largamente minha sombra e o vento acariciava de forma suave a copa das árvores e minha barbuda face; via, assim, o túnel florestal se esvair e uma movimentada zona urbana materializar-se lentamente diante de mim.

Penetrei a zona dubiamente e sem motivações; caminhava, já, entre duas fileiras de prédios modernamente emparelhados onde os últimos raios de sol os riscavam em diagonal. Uma multidão de passantes, no horário de pico, por volta das 18:10, por aí assim, vinham em minha direção. Andar naquela passarela exigia um jogo de malabares corporal excepcional; caminhei, pois, de cabeça baixa, observando vultos e sapatos, ténis, tamancos, alpercatas, raros chinelos, talvez só os meus.

Mais a frente, um grupo de pés descalços me chamou a atenção, era estranhamente novo. Três ou quatro. Dedos empoeirados em cinza e fortes canelas expostas. Diferentes para o ambiente, a muito frequentado por mim. Diferente porque o bairro ao redor do parque era composto e frequentado pela classe dita média alta, ou sei lá o que, empresarial e o parque estava na maioria das vezes ermo. Ao me aproximar, percebi que eram tradicionais hippies, embalados ao som de um violão, às rasgadas falas d'O vampiro doidão.

Em instantes toda a estranheza que o ambiente, naturalmente hostil me causava foi abatida pela alegria desbocada dos quatro viajantes. Ao mesmo tempo em que causava olhares fulminantes de resistência nos jovens empresários.

Então, em meus simples trajes, bem longe da toga terno-gravatesca dos passeantes, acocorei-me, cumprimentei "os caras" e sentei na calçada. Parei então a pensar: para que RG? CPF? Todos esses números de controle? Se a vida é melhor cantada e viajada? Porque sofrer as depressões - o mal do século XXI? Refleti, cantei. Gozei aqueles curtos minutos, três ou cinco, por aí assim; todavia, quando os olhos abri, percebi que estava amarrado a todas aquelas questões feitas a pouco, a uma série de valores morais sempre posto em cheque, mas constantemente vividos.

Levantei, à duras forças, saldei os corteses camaradas e deixei alguns trocados patrocinadores do alimento e da continuação da viajem. Me retirei e retomei minha caminhada hippie, sendo um, dentro dum minúsculo distrito.

2 comentários:

  1. Que bom que voltou! :) Otimoo conto

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  2. É voltou com tudo, está realmente muito bom.

    Quase me vi sentadinha ali com os hippies. 8D

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